Bem-vindos(as)! Tirem os sapatos e fiquem à vontade. Aqui, o blog também é de vocês.

julho 20, 2011

Dor

Classificação e gênero

- Original
- Drabble, K+

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Tema: Dor
Durante a sessão de filmes em casa, ela se encontrava calada e cabisbaixa. Quando resolvia compartilhar os comentários do marido, falava baixo, massageando a têmpora.
- Algum problema? – perguntou preocupado. – Está se sentindo bem, querida?
- Dor de cabeça.
Ele a abraçou e beijou-lhe os cabelos.
- Tem alguma coisa que eu possa fazer, além dos remédios?
- Bem... – fingiu pensar.
Ela sorriu em malícia e o abraçou, logo capturando os lábios do moreno de forma voraz. Com os toques ardentes e provocantes, em instantes, o incômodo passou, dispensando medicamentos, uma vez que técnicas tântricas podia ser a melhor solução.


~x~x~x~x~x~

Total de palavras: 100


julho 17, 2011

Desabafo de uma mente criativa

Como vão, pessoas?

Já faz bastante tempo desde que eu realmente frequentava "com frequência" o meu espaço de Meu Deus. Sabia que minha tentativa de forçar minha mente a produzir histórias seria quase vã. Estou desanimada há um tempo, tanto pelo meu bloqueio quanto pelas coisas que recentemente aconteceram comigo. Tudo isso faz com que minha criatividade fique trancada cada vez mais. É tenso quando você tem uma brilhante ideia na cabeça, já com começo, meio e fim, tudo bonitinho, mas na hora H, nada sai. Cansei de fazer isso. Três ou quatro linhas é o máximo que consigo.

Antes, eu tinha uma "musa" que me ajudava e muito com meus pequenos desabafos emocionais, independente dos temas e gêneros. Há 6 meses eu a perdi e minha inspiração foi junto. Agora, estou em uma guerra civil comigo mesma para me tirar do fundo do poço. Contudo, fico feliz por ter amigos por perto, pois eles me ajudaram bastante a me reerguer. Devo dizer que foi, realmente, uma perda lastimável para mim. Sério! Mas graças à Peach, pude refletir bastante sobre minha condição.

Ela me deu dicas de como recomeçar, passo a passo, tudo na calma para que o "Tico e o Teco" não fossem sobrecarregados e eu surtasse de vez. As coisas na qual Peach me falou caíram tão delicadas na minha consciência quanto um elefante de 3 toneladas. Não que fossem ruins, mas mudaram muito o meu jeito de ser. Uma de suas celebres frases tiveram, para mim, o significado de: "se sua antiga inspiração foi embora, encontre uma nova". Ou seja, meus problemas antigos devem ficar no passado e nada é desculpa para que a criatividade tire férias. Com a graça e bom humor da Peach, eu finalmente estou tocando minha vida pra frente.

Nos últimos anos, criei personagens que hoje não consigo mais me desapegar. Eles estão lá, quietinhos em seus arquivos próprios, esperando uma nova oportunidade de serem utilizados novamente. Meu problema é dar o que eles precisam. Pedi ajuda e ela veio! Estou mesmo muito feliz em poder contar com minha querida e eterna amiga para o meu recomeço.

Inicio meu desbloqueio mental com drabbles aleatórias enquanto trabalho minha mente em uma LongFic em parceria com Peach! Se Deus quiser, ela vai exorcizar meus demônios de uma vez. Espero, de coração, que esse blog não morra, mesmo que ninguém leia, pois ele me serve de autoanálise. De forma indireta, posso ver o que se passa comigo mesma para resolver os meus próprios problemas.

Desculpem o desabafo sem sentido, mas eu precisava colocar isso em algum lugar e se ficasse como um simples arquivo no computador, na certa, iria para a lixeira.

Beijos a todos

PS: Peach, amo você minha ruiva tesuda. Obrigada por tudo. ;)


Agonia

Classificação e Gênero

- Original
- Drabble, K+

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Tema: Agonia

Sentada à janela, a ruiva olhava a rua deserta por causa da tempestade. Seu coração se comprimia a cada gota desprendida do céu, na mesma intensidade em que as lágrimas se desciam dos olhos claros. A mulher aguardava a volta de seu adorado guerreiro, na esperança de um dia poder tê-lo novamente em seus braços e construir a vida que tanto planejavam juntos. Os dias se passaram e a tortura aumentava, deixando-a sufocada. O desgosto lhe abatia e quando o bravo lutador enfim retorna ao lar, a ruiva jazia, para sempre, desfalecida sobre a janela, esperando o retorno do amado.


~x~x~x~x~x~

Total de palavras: 100

julho 12, 2011

20.000 Léguas Submarinas

Classificação e gênero

- ORIGINAL

- G, One-shot, Angústia, Deathfic


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20.000 Léguas Submarinas

A noite passava tranqüila dentro do submarino espanhol, onde abrigava os novos marinheiros. Estavam a dois dias longe da família e o treinamento duraria até o dia seguinte, na parte da tarde, sendo dispensados à noite. Ravi sentia-se bem. Claro que o irmão fazia muita falta, mas sabia que não estava sozinho. Bruno, seu companheiro, supria parcialmente o vazio em seu peito com sua companhia extrovertida e espontânea, como Allan. Então, o aperto no peito, provocado pela saudade, era amenizado. Eram gêmeos idênticos e possuíam uma ligação tão forte que nenhum médico ou cientista podiam explicar.

Seu parceiro, alguns anos mais velho, ressonava profundamente na cama inferior do beliche enquanto isso admirava o pingente em forma de Sol em suas mãos, uma vez que o sono lhe abandonara. Um sorriso terno iluminou a face do loiro, um suspiro deixou seus lábios e o silêncio continuou a lhe fazer companhia. O pingente lhe fazia pensar no irmão, pois simbolizava o significado de seus nomes. Ravi, em árabe, era Sol e Allan, Lua. Dessa forma, com seu pingente e a Lua pendurada no pescoço do irmão, quando juntas, parecia um eclipse. E era dessa forma que considerava a união que tinha com Allan, um belo e prolongado eclipse.

Lembrar-se do irmão aquecia seu coração sempre e ficava a imaginar o que ele estaria fazendo durante o tempo em que estavam separados. Riu consigo mesmo quando algumas cenas da infância vieram à mente. A confusão que causavam no colégio ao tirarem proveito do físico semelhante era divertida e boa parte das vezes, os planos vinham do irmão. Quando se metiam em problemas, Allan era o primeiro a encarar os outros de frente, querendo proteger-lhe de qualquer ameaça e cumprir seu papel de “alma gêmea”. Uma lágrima solitária escapou do canto do seu olho. Servir à marinha tinha essa única desvantagem: separá-los e, muitas vezes, por tempo indefinido.

- Al... – murmurou saudosista e respirou fundo, controlando suas emoções.

Um solavanco violento assustou a todos dentro do submarino e despertou o pânico com o alto rangido a ecoar pelo veículo aquático. Ravi e Bruno saltaram da cama e vestiram-se pelo menos com a calça do uniforme no mesmo instante em que o alarme foi acionado e a luz vermelha de emergência piscava em todos os compartimentos. Isso só podia indicar problemas. A voz do capitão-tenente ordenava todos os homens a se porem em guarda e no meio minuto seguinte os marinheiros abandonavam suas cabines de descanso. Avisados de que havia uma ruptura no casco anterior, ganhavam profundidade rapidamente, na mesma velocidade que a água do mar invadia os compartimentos.

Aquilo não fazia parte do treinamento. As expressões de tensão e medo nas faces dos superiores indicavam isso. Ravi foi abatido por uma onda de pavor. Corria risco de morte. Allan ficaria sozinho. Seus pais lamentariam a perda de um dos filhos, justo o primogênito. Não! Não podia ser assim! Impossível! Levou a mão ao peito nu, cerrando os dedos em punho no colar, como se daquela forma pudesse se conectar espiritualmente ao gêmeo. Allan!

Saiu de seu transe quando o aspirante a almirante berrava em sua face para deixar de ser uma bicha medrosa e ajudar os companheiros a resolver o problema. Borrar nas calças não adiantaria em nada. Ravi fechou o semblante e empurrou o homem à sua frente como se ele fosse um impertinente qualquer e não alguém no qual devesse respeito. Ouviu uma leva de xingamentos, mas a voz no mais velho ficava cada vez mais distante. Precisava preservar sua segurança para proteger o irmão, acompanhá-lo na jornada da vida ao seu lado; deveria permanecer vivo para que Allan vivesse também.

Gritos de ordens, correria, pânico, alarmes, tudo se assemelhava a uma orquestra para receber a morte, que vinha em seu elegante traje negro, com sua inseparável foice nas mãos e o caminhar aristocrático, pronta para levar pelo menos setenta porcento dos homens apavorados. A água subia de nível em uma velocidade surpreendente. O que antes se limitava a uma poça, em menos de cinco minutos chegava às coxas dos membros da marinha, enlouquecidos a resolver o problema.

- 15.000 Pés! – alguém alertou.

Aproximadamente 4.600 metros de profundidade não era uma notícia animadora. Quando o treinamento dera início, a profundidade máxima que chegariam a alto-mar não passava de 3.000 metros, o equivalente a 10.000 pés de profundidade. A pressão externa, por causa da ruptura no casco, começava a amassar a lataria do submarino, provocando rangidos altos, roucos e sombrios.

- Fechem as portas! Impeçam a água de avançar nos controles! Quero um contato urgente com a costa! – os oficiais gritavam nervosos, quase desesperados. Não poderiam demonstrar pânico, ou os inexperientes se atrapalhariam e tudo estaria perdido definitivamente.

- Não há resposta, senhor! – pode ouvir alguém respondendo – Estamos muito fundo e os controles pifaram! A correnteza nos atirou contra um rochedo com uma colônia de corais.

- Fodam-se os corais, marinheiro! Tire-nos daqui!

- 20.000 pés e descendo! Estamos próximos do fundo, senhor! – avisou o mesmo homem de antes, agora em pavor.

Ravi arfou. Não acreditava que aquilo acontecia. Onde estava Bruno? Parou de correr e olhou ao redor, procurando pelo amigo e foi com o alívio que ele viera correndo em sua direção.

- Fuja!!!! – berrou ao segurar seu braço e o arrastar para fora dali.

Pode entender o que estava ocorrendo no minuto seguinte. Uma onda mortal tomava conta de todo o espaço e muitos eram pegos por ela, sucumbindo quase que instantaneamente. O espanhol gritou assustado e deu tudo de si para salvar sua vida, mas a água em suas pernas dificultava seus passos. O pior de tudo: pisara em falso, fazendo a junção do tornozelo se desencaixar, obrigando-o a parar e perder o equilíbrio. Bruno, na inércia, já havia passado pela porta de aço pesado, resistente o suficiente para bloquear a água, e a mesma se fechado quando se dera conta de que o companheiro não estava mais ao seu lado.

- Não!!! RAVI!!! – Bruno socou o ferro em desespero, vendo o loiro caído no chão e a onda vir impiedosa, através da pequena janela circular.

Ravi segurava o tornozelo deslocado, com os olhos fechados em dor e uma mão no pingente em forma de Sol, pedindo perdão ao irmão por ter fracassado e escolhido uma profissão que um dia os separaria para sempre. Quando expôs a íris azulada, deparou-se com a água forte, tendo tempo somente para soluçar choroso e murmurar:

- Adeus, Allan...


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abril 18, 2011

Sexy Bitch

Classificação e gênero
- ORIGINAL
- Yuri/Orange, P-17, Songfic, PWP
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Sexy Bitch

- Querida, ande logo! Vamos nos atrasar desse jeito. – a morena bateu na porta do banheiro onde sua companheira mais velha se enfurnara e não saíra mais – Gabriela!! – chamou mais alto com novos socos.
- Calma! Não agrida a pobre porta! Ela não tem nada a ver com isso. Pobrezinha... – ecoou a outra voz feminina de dentro do cômodo.
 - Gaby, vamos perder a reserva que você fez no restaurante. Já está em cima da hora.
Mariana pode ouvir a risada gostosa da namorada dentro do banheiro, deixando ainda mais confusa. Não entendia o que estava acontecendo. Haviam combinado de jantar aquela noite justamente para comemorarem seus três anos juntas. Era um dia importante para elas, pois depois do jantar pensavam em ter um momento particular entre elas em algum lugar diferente proposto por Gabriela.
Mais alguns segundos se passaram em silêncio enquanto ela estreitava os olhos e encostava o ouvido na porta, tentando decifrar o que ela fazia lá dentro. Distinguiu o borrifar de alguma colônia, o tampar de um batom e outro som característico de vidro sendo depositado na pia.
- O que você está aprontando afinal? – perguntou ao mesmo tempo em que a porta se abria e a figura da ruiva surgia atrás da mesma, com um sorriso diferente do normal.
Mariana cambaleou para trás e levou as mãos à boca, escondendo seu espanto e enrubescer instantâneo a despontar de suas maçãs até chegar à base do pescoço. Ela vestia uma lingerie extremamente sensual, tão vermelho quanto seus cabelos, com cinta de liga prendendo a calcinha de renda à meia fina. O corpete transparente realçava a beleza de suas curvas e o sutiã era tão pecaminoso que não vale à pena a descrição. Os seios fartos estavam esbeltos e juntos, parcialmente encobertos por um sobretudo vermelho e também transparente amarrado à cintura.
- Mas que...?
- Surpresa! – interrompeu a mulher mais velha enquanto colocava as mãos nos quadris e sorria ainda mais largo – Achou mesmo que um jantar compensaria toda a nossa falta de tempo nesses últimos dias? – Gabriela, ao segurar a mão da namorada, a guiou pelo quarto até sentá-la na cama, lançando-lhe um olhar misterioso e cheio de malícias – Tenho algo muito melhor para nós. Apenas fique calada e aproveite. – com um beijo suave nos lábios carnudos, ela se afastou.
Parou em frente ao mini system portátil e selecionou uma música que há tempos estava ensaiando justamente para o atual momento. O ritmo eletrônico soou pelo quarto e a ruiva fez questão de deixar tudo à meia luz, cobiçando um clima apropriado. Havia editado a melodia para ela se tornar mais longa do que o normal, tudo para que sua namorada pudesse aproveitar cada instante da deliciosa tortura.
Gabriela se aproximou da morena e postou-se à sua frente, se concentrando em pegar o tempo da música para então começar a mover os ombros. Cada gesto tinha um toque de malícia, principalmente quando tinha a intenção de remover cada peça de roupa. Ela começou pelo laço na cintura, permitindo que o hobbie deslizasse pelos braços e parasse em suas mãos. A ruiva o usou como objeto para a dança, fazendo o tecido esvoaçar no ar ao ser chacoalhado com sensualidade ao mesmo tempo em que o corpo perfeito rebolava e seduzia a morena que tudo assistia.
Ver a ruiva em tal estado era a perdição de sua sanidade. Queria tocá-la logo no momento em que saíra do banheiro, mas também desejava ver até onde aquilo ia dar. Mariana, ainda com o rosto corado e a respiração acelerada, prendeu os olhos nos movimentos sinuosos do quadril, subindo para o colo nu e o busto cheio, exalando erotismo e delicadeza.
Umedeceu os lábios com a língua e engoliu em seco. Gabriela virou de costas e ali pode ver toda a maciez dos glúteos firmes e arredondados expostos pela calcinha fio dental, na qual tinha o desejo de tirar com os dentes. Ao fundo, a música parecia feita para ela. A mensagem contida nos versos combinava perfeitamente com a situação e se encaixava como uma luva aos seus pensamentos.

“Yes I can see her
Cause every girl in here wanna be her
Oh she's a diva
I feel the same and I wanna meet her

They say she low down
Its just a rumor and I don't believe them
They say she needs to slow down
The baddest thing around town”

A ruiva agachou ligeiramente, exibindo ainda mais seus glúteos à namorada enquanto levava ambas as mãos à cinta de liga, soltando-as com lentidão, aproveitando para alisar aquela região e apalpá-las por conta própria. Sorriu largo ao notar o quanto sua garota se mantinha inquieta no leito, desconfortável por não poder realizar os pecaminosos pensamentos que lhe cruzavam a mente.

A tortura estava só começando...

Mariana gemeu involuntariamente quando a viu virar de frente e tocar o próprio sexo por sobre a calcinha vermelha, apoiando rapidamente um pé ao seu lado para inclinar-se e retirar as meias uma por uma, sempre exagerando nos toques ousados. Gabriela voltou a dançar sozinha, exibindo seu show particular bem intencionado. Os cabelos cor de fogo acompanhavam todo o charme que os movimentos reproduziam. O corpo esbelto serpenteava para lá e para cá, sempre sendo alvo de olhos famintos.

“She's nothing like a girl you've ever seen before
Nothing you can compare to your neighborhood hoe
I'm trying find the words to describe this girl without being disrespectful

The way that body movin' I can't take no more
Have to stop what I'm doing so I can pull her close
I'm trying find the words to describe this girl without being disrespectful”

As mãos ávidas de Gabriela alcançaram os fechos do corpete, unido ao sutiã. Um por um, ela foi soltando com aquela lentidão irritante, na qual fazia Mariana desejar arrancar à força e com brutalidade. Ela ainda fazia questão de lançar olhares promíscuos, em um enegrecer malicioso, e sorrisos sensuais, convidativos ao erotismo. A ruiva fazia de tudo para enlouquecer àquela quem amava, desejava vê-la feliz acima de tudo. Aquela era uma ótima oportunidade de demonstrar o seu amor por ela.

“Damn girl!
Damn, you're a sexy bitch!
A sexy bitch…
Damn, you're a sexy bitch!

Damn girl!
Damn, you're a sexy bitch!
A sexy bitch…
Damn, you're a sexy bitch!”


Damn girl!

- Gaby… - gemeu a morena involuntariamente ao ver aquele par de seios dançarem livres ao sabor da tortura que a outra proporcionava.
- Gostando? – perguntou baixo, recebendo um aceno de cabeça como resposta muda – Vá para o centro da cama, meu amor.
Gabriela deixou seu sutiã cair de suas mãos, não se importando em ficar somente com a calcinha rendada e, assim, seguiu para o leito com vagar predatório. Engatinhou como uma felina até poder sentar-se em seus tornozelos à frente da namorada. Mariana parecia nervosa, ansiosa, louca para poder fazer alguma coisa, talvez retribuir tudo o que fazia, mas não deixaria. Pelo menos não por enquanto. A ruiva tocou as coxas esbeltas da outra, invadindo o maravilhoso vestido verde, na qual destacava os olhos da mesma cor, adorando vê-la se arrepiar. A peça de roupa foi removida por cima e, no instante seguinte, Gabriela já deitava a namorada a fim de ficar por cima dela.
Uma vez que estavam na mesma situação, ela beijou o pescoço de Mariana com desvelo, ousando percorrer a língua na pele clara, chupando-a sem deixar marcas. A morena, por sua vez, abraçou o corpo sobre si, arranhando de leve o dorso feminino enquanto seu coração parecia querer saltar pela garganta. Custava acreditar que merecia tamanho presente assim. Mulher como Gabriela não existia em nenhum outro lugar. A ruiva era única, linda, sedutora e dona do seu coração.
Mariana sentiu os beijos subirem ao rosto e chegarem à boca. Ali, tudo o que estava calmo, repentinamente se tornara uma guerra, pois o ato fora tão necessitado, que até mesmo seu corpo pedia por aquilo. Ela se agarrou à namorada, deslizando as mãos do dorso para frente do corpo e segurar os seios fartos apertando-os em seus dedos. Ouviu a ruiva arfar quando os mamilos foram pressionados, beliscados, dando-lhe a ambição de querer mais, mas rapidamente suas mãos foram afastadas e postas acima de sua cabeça, presas pelos punhos por uma das mãos da namorada.
- Não. Ainda não terminei com você. – o timbre baixo e grave que ela usou fez seu corpo inteiro estremecer.
Gabriela seguiu os carinhos anteriores, devorando a boca da namorada e usando a mão livre para tocá-la só com a ponta dos dedos em uma tortura alucinante. Ela seguiu com a língua pelo pescoço e alcançou a altura dos seios medianos. Admirou-os com ternura, depositando um beijo suave em cada um dele antes de abocanhá-los com gula, sugando o bico enrijecido pela excitação e novamente usando a língua para circulá-lo, aproveitando para dar uma leve mordida. Os gemidos eram baixos e roucos, do jeito que gostava. Mariana era perfeita aos seus olhos. Jamais encontrara outra parecida. Decidida, determinada, dona de si, mas ainda assim frágil por dentro, enquanto que por fora era inatingível. Admirava muito aquele tipo de mulher, porém, nenhuma em si valia tanto a pena quanto ela.
Suas provocações continuavam e era adorável ver o quanto a morena se entregava àquilo, remexendo-se inquieta e jogando a cabeça para trás, com o rosto corado em deleite. Aos poucos foi libertando sua amada da prisão, conforme seus carinhos iam mais além. Gabriela apalpou as coxas firmes e, com um sorriso em malícia, beijou o interior de cada uma. Mariana a ajudou nessa parte, pois lentamente retirou a única vestimenta que a impedia de ver aquele corpo lindo inteiramente nu. Viu a morena se abrir mais para si, afastando mais as pernas e a encarando com o olhar enegrecido.
- Por favor... Faça. – ela pediu baixo, sorrindo pequeno quando a amada atendeu seu pedido.
Novos beijos foram depositados na coxa até chegar à região mais sensível de Mariana. Ali, com apenas uma lambida, a fez suspirar, arfar com uma leve mordida e agarrar seus cabelos quando introduziu a língua e a movimentou com insistência. Gabriela a chupou com gosto, adorando o sabor adocicado que ela tinha. Provou cada canto do sexo dela, excitando-se cada vez mais com os gemidos que ela dava.
- Você já está bem molhada... – comentou ao mordê-la de novo, logo a massageando no clitóris com a ponta da língua – E muito excitada também.
A morena se contorcia na cama, torcendo os dedos nas colchas, quase as rasgando. Não tinha como descrever aquela sensação. Parecia que ia à lua e não voltava. Sua garganta não conseguia parar de emitir sons roucos e a boca aos poucos ficava seca. Precisava de mais. Precisava de Gabriela. A ruiva a enlouquecia só com um simples beijo e quando fazia algo a mais, parecia que ia morrer.

Mas uma morte feliz.

Era adorável vê-la tão entregue assim. Chegava dar vontade de terminar tudo e recomeçar em um ciclo interminável de prazer mútuo. As sobrancelhas franzidas, o rosto corado e os sons involuntários da alma de Mariana estimulavam cada vez seu senso predatório de possuí-la e fazê-la gritar seu nome em um mantra erótico. Quando introduziu dois dedos, o contorcer da morena foi o paraíso aos seus olhos, uma vez que o corpo movia-se involuntariamente contra eles em um pedido mudo para que se mexessem que provocassem aquela eletricidade viciante em seu ser.
Atendendo à necessidade, Gabriela estimulou o ponto mais sensível daquele corpo e Mariana afundou mais a cabeça nos travesseiro, tencionando os dedos no jogo de cama abaixo delas, quase rasgando-o. Ao fundo, a música usada para o strip-tease ainda rolava, mas em frequência baixa o suficiente apenas para que o subconsciente fizesse os corpos seguirem em um ritmo adequado ao prazer do momento. Cada gemido mais alto ecoava pelos quatro cantos do quarto levando a ruiva ao ápice do autocontrole. Debruçou sobre o corpo elétrico e devorou a boca inquieta em uma tentativa de transferir para si aquela energia que a morena extravasava.
Aproveitando a posição favorável, Mariana introduziu seus dedos em Gabriela e a fez arfar em surpresa de início para logo lhe oferecer aquilo que ela lhe dava. Juntas, provocavam o prazer uma na outra em uma intensidade conhecida tão bem entre elas. A cama remexia-se conforme o casal trocava de posição e minutos depois da música terminar, elas gritaram com a aproximação do gozo, expelindo o líquido transparente por entre os dedos ávidos e cansados. O tempo incontável congelou naquele instante em que elas se abraçaram e trocavam beijos carinhosos e juras de amor eterno. Gabriela aninhava a namorava em seu ombro e elas lhe acariciava o ventre com leveza, ao mesmo tempo em que distribuía beijos singelos no pescoço.
- Ainda quer jantar? – perguntou a ruiva em um riso baixo, suspirando com toda aquela atenção.
- Não, mas gostaria da sobremesa.
Gabriela ergueu uma sobrancelha em estranheza, mas ao encontrar o olhar de Mariana, entendeu o que ela quis dizer. Um novo sorriso brotou em seus lábios, pouco antes de serem devorados e as mãos da morena deslizar de onde estavam para chegar à região íntima. Dali, se iniciou outro ato de amor cujo tempo perduraria o restante da noite e talvez o início do dia até que elas, em fim, se fartassem e dessem descanso aos seus corpos...

... Exaustos e completamente satisfeitos.

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março 12, 2011

Tempestade de Outono

Classificação e gênero

- Original
- Yaoi, P-13, Romance, Fluffy

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Tempestade de Outono

   A noite avançava para as nove horas naquele típico clima de outono. As folhas se desprendiam dos galhos, amareladas, alaranjadas ou de tons pálidos de marrom. Caíam com graça sobre o asfalto frio, porém, outras tinham o curso desviado pela brisa gélida. Parado sob a copa de uma árvore, Samuel aguardava impaciente. Aquele lugar, o parque e principalmente a natureza na qual apoiava suas costas, tinha um valor sentimental, e pertencia somente a ele. Ali tiveram o primeiro contato.

   Estava em um piquenique solitário, no outono passado, destinado aos seus pensamentos e um momento só seu, longe das pessoas ou problemas, observando as folhas caírem de igual modo, ou voarem com o vento ao som da calmaria, quando ele se aproximara após uma corrida. Estava cansado, o rosto suando em bicas, roupas atléticas, cujo short era de um azul-escuro em conjunto com a camisa regata, branca e quase totalmente úmida, fones de ouvido e óculos escuros. Os cabelos volumosos quase chegavam aos ombros e o tom castanho passara para o negro devido ao provável jato de água originada em alguma das torneiras espalhadas pelo imenso parque, na clara intenção de aliviar a sensação de calor. Os lábios medianos encontravam-se separados para facilitar a entrada de ar para os pulmões, pois as narinas não davam mais conta da regulação respiratória. Seus cantos se curvaram em um sorriso mais doce que já vira para logo aquela região começar a se mover. Ele lhe dissera algo, mas não compreendera de pronto. Por isso, havia retirado os óculos esportivos e exposto duas órbitas esverdeadas, com uma sutil mistura de castanho, acentuando ainda mais a beleza naquele rapaz. Encarava-o mais fixamente até que pudesse receber sua devida atenção. Ele havia lhe perguntado as horas mais uma vez, achando divertida aquela situação e foi a partir daí que tudo começou.

   Após trocarem telefones durante uma longa e agradável conversa, o encontro aos sábados se tornara rotineiro e sempre embaixo daquela árvore, naquele mesmo parque. Conheciam-se cada vez mais até que puderam se considerar amigos. Seu nome era Rafael em homenagem ao arcanjo da cura na religião católica. Formado em medicina, gostava de ajudar as pessoas e batalhava pela vida de cada uma delas que adentravam à UTI. Muitos diziam que ele fazia jus ao nome adotado, pois muitos pacientes, quase sendo carregados nos braços da Dama de Preto, voltaram a ter suas vidas normais como se a estada crítica no hospital jamais tivesse acontecido. Admitia que a simples presença de Rafael poderia apaziguar as emoções de muitos, evitando uma briga inconseqüente ou aliviando uma profunda tristeza. O homem claramente era dotado de dons benéficos e isso o tornava mais atraente.

   Meses depois, Rafael estava diferente quando se encontraram naquele mesmo lugar em um novo sábado de inverno. No dia anterior, o médico ligara dizendo para darem uma volta fora dos limites do parque com a desculpa de estar enjoado da mesma natureza todo fim de semana. Sendo assim, quando se encontraram, tinha o semblante tenso, disfarçado por aquele sorriso doce que mexia com seu coração há dias.

   Foi tudo tão rápido. Em um minuto, estavam se cumprimentando com um abraço amigável. No outro, Rafael unira os lábios aos seus em uma possessão um tanto difícil de se manter resistente. Beijaram-se como se fossem feito um para o outro. Ele tinha um carinho incrível e estava receoso no primeiro momento, porém, a segurança viera com o segundo, terceiro, quarto beijo. No meio do parque, do cinema, um breve contato íntimo em uma região privada do restaurante, não importava o tempo ou espaço, sentiam a necessidade de ficar um com o outro.

   Naquela mesma semana, amaram-se sobre os lençóis de seda no harmonioso quarto do médico. Nunca teve a sensação de plena felicidade ao lado de alguém. Rafael sabia quando havia alguma alteração de humor, o porquê das coisas e como ajudar. O silêncio podia ser mais reconfortante do que palavras de apoio, diz ele. Nada mais tinha importância quando ele estava ao seu lado e os problemas não pareciam ser maiores do que um grão de areia.

   Contudo, havia fatores que o diferenciavam de um perfeito anjo. Ele sofria de ciúme quase incontrolável, mas dava graças aos céus por ele ser bem racional e deixar que se explicasse quando alguma desconfiança o abatia. No começo da relação, as discussões vinham uma atrás da outra e por várias vezes tivera que terminar com ele, para, horas depois, tê-lo parado em frente ao seu apartamento, com uma cara de arrependido, um buquê de lírios na mão e um suave pedido de desculpas. Simplesmente não conseguia rejeitar aquele gesto tão bonito, principalmente quando vinha com aquelas flores. Só ele sabia o quanto admirava os lírios. No fim, acabavam por fazer amor em algum ponto da casa, aleatoriamente.

   Outro fator, e o mais irritante, era sua falta de responsabilidade com horários fora do ambiente de trabalho. Às vezes odiava sua profissão, pois como ele era um excelente médico, freqüentemente o chamavam para auxiliar em algum caso urgente ou complicado, tirando o sossego de ambos. Podia ter acabado de sair do hospital e Rafael precisava retornar à ala da UTI para prestar mais alguma assistência imediata. Por ter um bom coração, até demais, ele não sabia administrar muito seu tempo e isso prejudicava a ambos. Quando ele finalmente tinha um tempo livre, acabava por dormir demais devido ao cansaço e exaustão, faltando com seu compromisso de ajudar a manter aquele relacionamento.

   E era por isso que estava ali, naquela noite, em meio ao vento frio, parado sob a cúmplice árvore. Esperava por ele a mais uma hora, sem receber notícias de atrasos ou cancelamento do programa. Grunhiu irritado quando as primeiras gotas de chuva se desprenderam do céu, aumentando mais a quantidade de palavrões em sua mente e lhe retirando o último fio de paciência. Puxou os cabelos louros para trás e saiu daquele lugar, encolhido para se proteger inutilmente da chuva. Parecia que Rafael não percebia o quanto sua ausência lhe feria e ainda mais quando ele faltava com suas obrigações. Mas também não podia culpá-lo. Ele só gostava de trabalhar.

   - É, isso. – falou amargurado enquanto apertava o passo para encontrar um abrigo contra a chuva.

   Entretanto, perdido demais em pensamentos, não viu que alguém bloqueava seu caminho. Quando ergueu a cabeça para se desculpar, suas palavras morreram na garganta e o semblante enrijeceu mais ainda.

   - Oi, Sammy.

   Aquele sorriso, o tom suave, o olhar sereno e brincalhão, tudo tão irritantemente despreocupado para aquele momento. Bufou e esbarrou propositalmente em Rafael, demonstrando sua fúria. Mas logo teve o braço segurado com carinho, atiçando mais ainda sua raiva.

   - Tire as mãos de mim! – a ira presente no grito fora realçava com os trovões e o aumento da intensidade da chuva.

   - Me desculpe. Houve uma emergência...

   - Sempre há uma emergência, Rafael! – cortou-o ríspido, gesticulando nervosamente os braços – Você tem idéia do que é emergência para mim? Já parou para pensar no quanto isso significa para minha pessoa? Eu sei que você ama seu trabalho, mas existe um “nós” agora. Ah! Quer saber? EXISTIU! Eu estou caindo fora! Sê feliz!

   Deu-lhe as costas e partiu em uma correria para longe da presença daquele homem. As roupas já estavam encharcadas e a chuva em seu rosto se misturava com as grossas lágrimas. Infelizmente, não tinha tanto preparo físico, então, logo foi alcançado pelo médico a gritar súplicas para que pudessem conversar.

   - Por favor, Sammy, querido... Eu amo você. – confessou ao parar à sua frente e segurá-lo em um abraço forte, ajudado pela inércia.

   - Não ama mais do que aquele hospital! Me larga, seu idiota! – Samuel empurrou-o com força, bufando e chorando ao mesmo tempo, sem perder o controle da voz – Estou farto de você fazer isso comigo. Achei que fosse importante também, mas vejo que não! Porque tudo o que você pensa é trabalho, trabalho e trabalho! Há seis meses convivo com isso! Já estou farto! Cansei! Para mim chega! Me esqueça, Rafael! Esqueça tudo o que existiu entre nós, porque não vão passar de momentos oportunos a saciar sua carência!

   Recuou um passo quando a expressão de dor deu lugar à frieza e o olhar desolado se transformara de raiva. A boca perfeita se curvara para baixo e os lábios estreitaram-se, como sempre acontecia quando ele estava concentrado ou...

   - Cale a boca, infeliz! Olhe os absurdos que você está dizendo! – explodiu em uma gritaria mais alta que o som da tempestade que agora cobria a vasta cidade – Me diz como posso fazer isso se você faz parte da minha? Eu sei que ando ocupado, mas também não é justo que só eu receba pedras! É crueldade sua me pedir algo assim como se nada, NADA do que passamos juntos significasse algo para você! Como se a cada momento de amor que tivemos não fosse nada além de sexo! Eu não sou insensível! Você quem é! Amo você mais do que qualquer coisa e não tenho culpa se as pessoas precisam de mim! Se acha que está sendo fácil para eu agüentar tudo isso? Que abandono você de propósito? Então você não dá o mínimo de valor para nós também, pois, caso contrário, tentaria ver o meu lado e seria mais racional. Deixe de ser infantil, Samuel!

   ... Quando se preparava para um discurso no qual o ouvinte perde totalmente a razão. O loiro respirava pesadamente e estremeceu com a pronúncia de seu nome. Odiava, do fundo da alma, quando Rafael o dizia com tanta diretriz e rigidez como naquela hora. Sentia-se um estúpido, um nada, pior que lixo, por mais que tivesse uma parcela de razão ali. Sempre era assim! Ele precisava sempre manter a última palavra como se ele fosse o Senhor da situação. Seu coração doía e comprimia o peito enquanto o pranto invisível pela água vinda das nuvens continuava a banhar seu corpo. Cerrou os punhos ao lado do corpo e abaixou a cabeça, controlando-se para não quebrar o rosto perfeito que tanto amava com os mais potentes socos que podia dar.

   - Eu não estou errado aqui, mas você também não é inocente. – as palavras saíram entre dentes e de uma forma bem contida – É pedir muito um tempo para nós dois? Estou exagerando quando quero organizar meus horários para poder te ver e você falta com sua responsabilidade por causa do trabalho? – mirou os olhos verdes com raiva, as mãos fechadas, tremendo por conta disso.

   - Eu também tenho vida além da que passo com você! Do jeito que fala, parece que nunca temos tempo nenhum e se isso fosse verdade, eu nunca teria a oportunidade de ouvir seus gemidos a cada onda...

   - Cala a boca, Rafael!! – exasperou em conjunto com os raios e trovões mais uma vez, interrompendo o novo discurso. Um vento frio invadiu o parque, fazendo-o estremecer e tossir ligeiramente.

   Um silêncio se estendeu enquanto o clima da noite se tornava cada vez mais tenso, piorado pela tempestade. Samuel sentiu a respiração um pouco mais difícil por causa da friagem, o que provocou a queda de sua resistência. Sabia que após aquele episódio, seria presenteado com uma bela gripe. Viu o namorado bufar e levar a mão aos cabelos, jogando-os para trás lentamente, de olhos fechados. Pode reparar o quão profundo ele respirava. Foi fácil notar que aquele gesto o fazia buscar a calma. Por fim, o olhar gélido se transformara em piedade e quando os lábios de moveram, a voz saíra suave e terna.

   - Vamos sair daqui. Você vai pegar uma gripe forte desse jeito. – ele fez menção em se aproximar.

   - Eu posso me virar sem você. – disse ácido, recuando – Passar bem!

   - Pare com isso! – desta vez, as mãos macias de médico o seguraram e o trouxeram para seu corpo, conseqüentemente em um abraço protetor – De que adianta ser relutante assim. Você sabe que vai ficar ruim e o quanto essa briga só vai piorar tudo. Vamos, Sammy. Não seja orgulhoso. Me perdoe. – murmurou próximo ao ouvido, ousando mordiscar de leve a cartilagem – Eu te amo.

   Samuel grunhiu em desistência e retribuiu o abraço. Rendeu-se às palavras doces e o estímulo sutil. O coração comprimido, o nó na garganta e o pranto orgulhoso também o auxiliaram a agarrar-se no homem mais velho, esconder o rosto no peito largo e soluçar em desabafo. Rafael o embalou com paciência, afagando os cabelos encharcados e os beijando.

   - Vem, deixe-me cuidar de você. Pacientes são a prioridade de um médico. – brincou.

   - Só assim para conseguir um tempo com você... – praguejou com a voz rouca pelo choro e abafada por estar contra o corpo do moreno.

   - Samuel!

   - Eu também te amo.

   A confissão baixa e sincera fez o homem sorrir e abraçar o namorado com um pouco mais de força, sentindo um grande alívio. Por mais que aquelas palavras tivessem sido desgastadas pelo uso incorreto da sociedade, no momento elas soavam com a mesma paixão transmitida entre os amantes de dois ou mais séculos passados. Rafael ergueu a cabeça de seu amado escritor e beijou seus lábios com imenso afeto, finalizando aquele desentendimento de uma vez por todas. Assim, levou-o para sua casa, tratando da doença que começava a consumir a saúde e a força de Samuel. Sabia que pessoa nenhuma seria tão bem cuidada quando ele, sendo paciente ou membro da família, aos olhos de Rafael, o louro era uma parte importante de sua vida, era aquela coisa que todos os sonhadores procuravam e intitulavam de alma gêmea.


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fevereiro 22, 2011

Culpa

Classificação e gênero


- ORIGINAL
- K, Drama


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   Culpa

  Lamentava-se pelo erro que cometera. O travesseiro estava marcado pelo selo da tristeza. Ele sempre esteve lá, e não o via. Ele sempre a aconselhava, e nunca o ouvia. Ele sempre amou sua pessoa, e jamais lhe deu atenção. Não mais teria seu apoio. Não mais teria seus braços reconfortantes. O amava, contudo, descobrira isso tarde demais. Ele estava morto. A carruagem na qual viajava deslizara vale abaixo. As madeiras partiram-se em múltiplos pedaços transformando-se em perigosas estacas. Todos morreram: ele, o cocheiro e os pobres cavalos. A culpa era sua. Se não tivesse brigado com ele, não teria partido e essa desgraça não ocorreria.

  Palavras duras e odiosas saíram de seus lábios. Como não notara que ele a observara completamente magoado? Idiota! Como pudera ser tão tola a ponto de desprezar aquele que sempre a amou?

  Há dois dias havia descoberto seus sentimentos. Há dois dias ele partira. Há dois dias seu amado farfalhava as próprias asas celestiais.

  - Eric... Deus, o que foi que eu fiz? Daria qualquer coisa em troca de alguns últimos minutos ao seu lado... Eric, eu sinto muito...

  A voz feminina, embargada pelo choro de longas horas, murmurava preces e apelos de desculpas. Sabia que nada adiantaria lamentar-se agora. Isso não o traria de volta. Não sentia disposição em continuar sua rotina. É incrível como a morte de alguém altera o rumo dos destinos. Um alguém que acreditava não fazer a menor diferença em sua vida.


***


  Despertara com a repentina claridade em seu quarto. A luz amarelada extinguiu-se tão subitamente quanto chegou e a imagem de um homem com extensas asas brancas postava-se junto à janela.

  Cabelos castanho-claros, olhos intensos e profundos da mesma cor. Feições carinhosas e físico bem trabalhado. Lágrimas umedeceram sua face diante o reconhecimento do ser celestial.

  - Não chores mais, Taylor. Estou aqui. – aproximou-se do leito à sua frente. – Não há mais motivos para que elas interfiram em tua beleza, neste momento. – sentou-se na cama e cariciou o rosto da amada.

  - Eric... eu...

  - Shhhh... não diga nada... todo o teu sofrimento é escutado no Reino do Céu. – trouxe a moça junto ao seu corpo, acariciando os longos cabelos negros, enquanto aliviava sua dor chorando no ombro do amado, molhando a túnica esverdeada. – Ele ouviu todas as tuas preces e consentiu-me visitar-te.

  - Por quanto tempo? – indagou sem fitar seus olhos.

  - Um quarto de hora.

  - Apenas um quarto? – abraçou-o mais forte.

  - Não é permitida a presença de arcanjos no plano terrestre. Tu és especial, Taylor. Ele teve piedade de ti. – com dois dedos, ergueu seu queixo forçando um contato visual.

  - Ainda me amas? Por isso vieste?

  O tímido beijo fora o suficiente para dispersar suas dúvidas. Taylor apoiava os braços nos ombros do anjo, enquanto este enlaçava sua cintura com seus membros superiores, aprofundando o ósculo. Acariciava os fios curtos cor de cobre delicadamente. Sentia as mãos celestiais percorrerem sua coluna. Apartaram o beijo quando a moça necessitava de ar. Eric apreciava a visão de Taylor levemente corada e ofegante. Sorrindo, com as pontas dos dedos, contornou os traços faciais da amada.

  - Amo-te tanto que seria teu mentor se pudesse. Todavia, tu já tens um.

  - Seu eu não tivesse dito aquelas palavras, tu ainda estarias vivo e viveríamos juntos.

  - Taylor, pára de te culpar. Foi apenas um acidente. Nada é por caso, minha amada. Para tudo há uma razão de acontecer.

  - E qual foi a razão de teres deixado este mundo?

  - Sinto dizer, mas não posso contar-te. Tudo no teu tempo certo, querida.

  O badalar de um sino soou ao mesmo tempo em que a luz amarelada ressurgiu.

  - Devo-me ir agora. Não esqueças: estarei eternamente presente em teu coração. Prometa-me que seguirá tua vida, mesmo depois de eu ter partido.

  - Não posso fazer isso. Trairia tua pessoa.

  - Minha pessoa não existe mais. Quero que sejas feliz, Taylor. Ainda és jovem e atraente. Siga tua vida e não pára por minha causa. Não vivo mais neste mundo. Não pensa no 'se', não faz bem para a alma.

  - Está certo. Prometo seguir minha vida.

  - Amo-te.

  Com um suave beijo, o arcanjo retorna ao seu novo mundo.

  - Eu também...

  Deitou-se novamente em seu leito, agora com a certeza de que finalmente dormiria em paz.


 
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  Hi everybody!

  Hoje, como não fui às aulas da faculdade - devido a crises e mais crises de febre durante a noite, terrivelmente mal dormida -, decidi fuçar nas tralhas do meu computador e fazer AQUELA limpeza que só lembramos de fazer quando o rendimento do eletrônico caí para abaixo do nível insatisfatório. Dentre os lixos que vasculhei, encontrei esse pequeno texto. Lembro que o fiz em 2007, durante uma das aulas de Física na sala de Smartboard do colégio. Me trouxe muita nostalgia do tempo em que os estudos só serviam para passar de ano e receber recompensa monetária dos pais por causa disso. Sinto falta da convivencia rotineira com meus amigos, as fofocas eventualmente escutadas pelas meninas enxeridas da sala e os momentos tensos dos garotos populares a se exibirem à frente da turma nos intervalos entre aulas.

  Espero que gostem do escrito, mesmo que ele não tenha nada a ver com minha saudade.

  Beijos a todos